10 PIORES "OSCAR DE MELHOR FILME" DE TODOS OS TEMPOS
28 de fevereiro se aproxima trazendo a 88ª edição do Oscar. Controverso ou não, a Academia ainda se mantem como o prêmio mais importante da indústria de Hollywood, mas relevância não é sinônimo de justiça. Dado o exemplo deste ano, em que pela segunda vez consecutiva nenhum ator ou atriz negro(a) foi indicado a nenhuma categoria de atuação, o que reforça ainda mais a ideia que seus votantes, por vezes, façam escolhas seguras, sem muitas polêmicas e conservadoras, deixando de fora inúmeros clássicos que perpetuaram uma geração mas perderam a vez pela "mente fechada" que a Academia persiste em manter.
Eu até gostaria mais de "Quem quer ser um Milionário?" se não fosse o responsável por tirar o prêmio desse drama visceral e excepcionalmente bem realizado no Oscar 2009. "O Leitor" é um filme que você só precisa assistir uma vez para ficar na sua cabeça para sempre, se desenrolando de um afeto proibido até o ato mais alto de sacrífico. Justiça só foi feita com o Oscar de Melhor Atriz de Kate Winslet aquele ano, o que reconfortou um pouquinho a vitória do filme de David Boyle sobre um indiano que por consciências demais da vida ganhou uma bolada.
Para começar, não chega a ser memorável nem como musical e nem como o filme da carreira do astro Gene Kelly, até porque "Sinfonia de Paris" não se chama "Cantando na Chuva". Mas em 1952, vence o Oscar contra o filme responsável por duas das melhores atuações já vistas de todos os tempos, do filme que inspirou inúmeras peças de teatro e do filme responsável por lançar a carreira de Marlon Brando e Vivien Leigh. "Um Bonde Chamado Desejo" é a fusão de teatro com cinema e inesquecível desde então.
Martin Scorsese, diretor de Touro Indomável, tem um histórico de injustiça no Oscar. Em 1977 ele perdeu, e quando novamente ele seria o grande merecedor, perdeu novamente, quatro anos depois, no Oscar de 1981. Nesta ocasião, no entanto, a vitória foi mais amarga pois perdeu para um diretor debutante pelo filme dramático super esquecível "Gente como a Gente". No Oscar 2007, finalmente Scorsese ganhou como Melhor Diretor e Melhor Filme por "Os Infiltadros" mas sua vitória tardia foi um 'tapa na cara' de um diretor que mudou o modo de fazer cinema nos anos 70.
Se ainda não sabe, "Cidadão Kane" é considerado o melhor filme já feito de todos os tempos. Responsável por mudar a linguagem cinematográfica e por mostrar planos sequências até então inexistentes. Mas o Oscar de 1942 pareceu na época não perceber sua relevância, e por ventura nem enxergar o futuro, ao premiar "Como era Verde meu Vale". Um filme comum, porém com uma mensagem bonita sobre trabalho e dedicação. Mas certamente não é o suficiente em superar o insuperável drama de Orson Welles.
No começo dos anos 70 o gênero de filmes de gangster e policial tiveram um grande reconhecimento no Oscar, começando 1972 com "Operação França", depois "Poderoso Chefão parte I e II", respectivamente em 1973 e 1975, e intercalado, o mais fraco deles, "Um Golpe de Mestre" em 1974. Não seria repetitivo demais essa onda de vitórias sobre máfia e contrabandos se não tirasse o Oscar do melhor filme de terror de Hollywood, "O Exorcista". O pioneiro filme que abriu um caminho imenso no gênero de horror e grande méritos de "Silêncio dos Inocentes" e "Invocação do Mal" se deve a ele.
O grande vencedor do Oscar 2011, "O Discurso do Rei", não é um filme ruim. É apenas um filme comum demais sobre amizade que retrata a incapacidade de um rei em pronunciar um discurso por causa de sua gagueira. Não mereceu a vitória contra "A Origem" com um dos roteiros mais complexos e brilhantes dos últimos anos, de um diretor ousado como Christopher Nolan, sem contar com as cenas de ação coreografadas e bem elaboradas que até hoje são lembradas sem precisar muito esforço, ao contrário do drama conservador que tirou sua estatueta dourada.
Exceto por sua fotografia, "O Paciente Inglês" é tedioso demais para ser ganhador de um Oscar de Melhor Filme. Em 1997, o Oscar preferiu um romance insosso ao humor negro e irreverente do divertido "Fargo". Enquanto no vitorioso você cochila um pouco ao longo das três excessivas horas de duração, no perdedor você dá gargalhadas e ainda fica fisgado pela busca de uma policial carismática, representado com perfeição por Frances McDormand, por um serial killer no mínimo atrapalhado.
Muitas pessoas, por sua empatia à "Rocky", esquece que foi uma das maiores injustiças do Oscar esse filme ganhar de "Taxi Driver". Scorsese, em 1976, lançou um subgênero com Taxi Driver: a paranoia americana. Os americanos na época se sentiam num estado de alerta constante com a Guerra Fria contra a União Soviética e também um pouco descrentes com sua nação. A história de um taxista desacreditado na espécie humana, que tenta acima de tudo uma redenção, abriu um importante caminho não só no cinema, mas na história americana.
A onda de prêmios à filmes de gangster e máfia teve grandes feitos, positivos e negativos. Na parte positiva tivemos a vitória dos filmes mais importantes não só do gênero, mas da história, como "Poderoso Chefão I e II" e na parte negativa, tivemos a vitória dos 'não tão influentes assim' como "Operação França" e "Um Golpe de Mestre" contra o maior filme de terror de Hollywood e contra, possivelmente, o melhor filme de Stanley Kubrick. "Laranja Mecânica" é um filme original, como qualquer trabalho do seu diretor, e influente. Sua violência, seu protagonista icônico, a trilha sonora inesquecível e a crítica social fazem, sem medo de errar, o melhor filme de 1972. Não tinha como perder.
O pior filme ganhador do Oscar de Melhor Filme, por unanimidade mundial, é "Crash". Sua vitória foi algo surreal, pois era inferior aos outros quatro indicados e até então não tinha nenhuma indicação a prêmio algum. Exceto pelo Oscar que por vezes adora inovar, mesmo que seja do modo errado. Mas a maior das injustiças foi ter ganho, em 2006, de "O Segredo de Brokeback Mountain" que até então era o favoritíssimo ao prêmio e que seria o primeiro filme com temática gay a ganhar um careca dourado. "Crash" teve a vitória mais amarga possível, porque um dia depois jornais do mundo todo acusavam a Academia de preconceituosa e conservadora.
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