INDICADOS AO OSCAR 2016 DE MELHOR FILME: DO PIOR AO MELHOR

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A cerimônia está chegando e estamos todos na expectativa (na verdade, nem tanto) sobre quem levará o maior prêmio da noite: o Oscar de Melhor Filme.
Antes de falar dos indicados, filmes como "Carol", "Star Wars: O Despertar da Força" e "Creed" foram injustamente esnobados este ano e são filmes mais relevantes do que "A Grande Aposta" e até mesmo o meigo "Brooklyn". Mas isso não é novidade para quem acompanha o Oscar pois a cada ano da premiação temos vários injustiçados. Talvez a maior das injustiças, este ano, foi o fato de não ter, pela segunda vez consecutiva, nenhum ator ou atriz negro(a) indicado nas categorias de atuação. A polêmica tomou proporções enormes e criaram a hashtag #OscarSoWhite bombar nas redes sociais. Notícias de que a Academia reformularia seus votantes e algumas regras prometem um ano mais diversificado nos indicados do ano que vem. O que resta é torcer para que ocorra a representatividade de todos e conferir a premiação no próximo domingo (28).


O filme menos empático e mais confuso entre os indicados é a comédia chata de Adam McKay. O filme ganhou um destaque absurdo na reta final de nomeações dos principais prêmios do cinema e garantiu um bom desempenho em todos eles, o mais notável foi o Prêmio dos Produtores Americanos (PGA) que é o principal termômetro do Oscar. "A Grande Aposta" tem grandes chances de ganhar graças ao seu PGA - que tem a maior parte dos votantes do Oscar - mas não consigo imaginar ele vencendo os também favoritos "O Regresso" e "Spotlight". Apesar do tema importante, a queda do mercado imobiliário americano que desencadeou a grande crise econômica mundial em 2008, o filme tem uma edição muito rápida e confusa e nem mesmo recursos de colocar uma celebridade explicando termos técnicos o torna menos tedioso, tampouco engraçado.

Sugiro olhar: pessoas que gostam de filmes sobre fatos reais e se interessa por economia e política.


Eu gostei de "Perdido em Marte" embora nem tanto como a maioria das pessoas, o que justifica estar em sétimo lugar na lista. O filme tem a maior bilheteria nos cinemas entre os indicados e a também a maior da carreira do seu diretor Ridley Scott. Gosto de ver blockbusters entre os indicados ao Oscar, isso torna a premiação mais acessível e empolgante a todos e este filme está acima da média, no que podemos dizer, dos "filmes lucrativos" de Hollywood. A mistura de ficção científica com comédia é um ponto alto do longa, que consegue tornar a narrativa em algo acreditável em termos técnicos sem perder o interesse do público. Mas um homem perdido em Marte manter sempre o bom humor e não enlouquecer é algo que o torna mais interessado em entreter do que contar uma história de fato. E eu não sei até que ponto isso é algo bom.

Sugiro olhar: ótimo para assistir entre amigos e compartilhar risadas, embora não espere nada parecido com "Gravidade" e "Interestelar".


O filme britânico da vez é "Brooklyn". Fofo, meigo e cativante. Não tem nenhuma chance de ganhar, mas o considero surpreendente na proposta que o filme exige. Saoirse Ronan - merecidamente indicada a Melhor Atriz - é Eilis, menina dócil e ingênua que sai da Irlanda para morar em Brooklyn, nos EUA. A sua adaptação na cidade nova não é fácil e ela precisa aprender a criar novas raízes.
O filme se preocupa em ser calmo e relaxante, as cores dos cenários e do figurino sempre são tons suaves e pasteis. A grande mudança para o segundo ato é onde de fato conhecemos a protagonista melhor e vamos julgando, observando e refletindo sobre ela e sobre suas decisões. Não é um filme somente sobre imigração e romance, é um filme sobre escolhas. E este é o grande charme de "Brooklyn".

Sugiro olhar: pessoas que gostam de romances com cenários e figurinos vintages (e aqui indico assistir "Carol", que além de superior tem também tudo isso!).


É Steven Spielberg né? O veterano que volta e meia trás alguma coisa! "Ponte dos Espiões" mostra o diretor em boa forma, muito superior aos seus últimos trabalhos também indicados a Melhor Filme em edições passadas: "Cavalo de Guerra" e o monótono "Lincoln".
O tema é a Guerra Fria e o ponto de vista dos americanos sobre ela. Temos o advogado interpretado por Tom Hanks defendendo seu ponto de vista e se provando certeiro ao longo do longa. Um homem justo, qualificado e com grande capacidade de empatia que consegue defender e entender o seu cliente: Rudolf Abel, espião soviético. O roteiro escrito pelos irmãos Coen trás uma imparcialidade de ambos os lados: não existe americanos bons e nem soviéticos maus, apenas pessoas boas e más. E justamente isso faz o filme ser, de certa forma, uma surpresa vindo de Spielberg! É óbvio que existe um sentimentalismo barato no final, mas não podemos exigir tantas mudanças se tratando do queridinho de Hollywood.

Sugiro assistir: quem curte uma boa história baseada em fatos reais sobre guerras.


Chegamos no grande favorito ao prêmio! "O Regresso" tem ótimas chances de conceder outro Oscar (consecutivo) ao diretor Alejandro G. Iñárritu, que ganhou ano passado por "Birdman".
O que falar desse filme que mal conheço e já vai dar um Oscar para o DiCaprio?
Baseado em fatos reais, Hugh Glass (Leonardo DiCaprio e seu Oscar) é um comerciante de peles que após ser agredido por um urso (ISSO NÃO É UM SPOILER, OK?) é deixado para morrer por seus companheiros. Ele sobrevive e busca sua vingança. Os cenários grandiosos, a fotografia impressionante e a atuação raivosa e silenciosa do seu protagonista carregam o filme nas costas. A história não é nem original e tampouco intrigante, ela é bem primitiva tanto quanto o tema do filme. Aqui temos um imenso trabalho de direção de fotografia (foi todo filmado em luz natural) se sobressaindo na direção do Iñárritu, o que não o torna sempre um filme empolgante ao longo das quase três horas de duração. Se o filme tem algum defeito é justamente seu diretor apostar demais na sua capacidade de fazer um filme memorável, porém é inegável a qualidade deste longa.

Sugiro olhar: NO CINEMA! não tem como ter a mesma percepção em casa. Corre, que ainda está em cartaz!


Se tem algum concorrente que pode tirar o prêmio do favorito "O Regresso" é o drama quase-documentário de Thomas McMarthy, "Spotlight". Algumas pessoas criticaram o filme por ser quadrado demais, ou seja, não apresentar a personalidade do seu diretor e apenas constatar os fatos sem grandes clímax. Mas aqui é uma questão de gosto, porque eu acho que é justamente isso que faz de "Spotlight" um dos grandes filmes da temporada de premiações do cinema.
Se trata da história de um grupo de jornalistas de Boston que descobrem uma quantidade absurda de padres que abusam sexualmente de menores de idade, tudo baseado em fatos reais. O filme está mais preocupado em relevar as informações e como são obtidas do que grandes confrontos e destaques dos seus atores. Aqui o trabalho é em conjunto, o elenco está todo perfeito e um ajuda o outro a conduzir o filme. O SAG de Melhor Elenco nunca foi tão justo na vida ao premiar este filme! A naturalidade das atuações e o roteiro bem elaborado faz o espectador mergulhar pouco a pouco na história e admirar cada vez mais seus personagens. Não é um filme para se divertir, é um filme para se informar. E neste propósito, não lembro de um filme que fez isso tão bem quanto "Spotlight". (OBS: Amei ver Rachel McAdams sendo indicada pela primeira vez ao Oscar!)

Sugiro assistir: pessoas que gostam de documentários e histórias sobre fatos reais.


O filme que mais me surpreendeu entre os indicados foi "O Quarto de Jack" ("Mad Max: Estrada da Fúria" não conta pois já tinha assistido muito antes de sonhar em ser indicado). O filme não tem chances de levar o Oscar, mas já podemos admitir que pelo menos o Oscar de Melhor Atriz para Brie Larson é garantido.
A história é sobre um menino chamado Jack (Jacob Tremblay), que nasceu dentro de um quarto de 10m² e nunca ficou fora dele até seus cinco anos. E sua mãe, Joy (Brie Larson), vítima da situação que a colocou neste quarto. A relação mãe-filho, obrigados a conviver somente um com outro trás a grande empatia ao público. E como este menino, brilhantemente interpretado pelo menino Jacob, descobre o mundo fora do quarto.
Um filme difícil sobre adaptação, família e sentimentos guardados. O desenrolar da trama provam o quanto por pior das situações, algo de bom vêm através delas. E é justamente em Jack que vemos um refúgio e uma força que não é somente Joy, a mãe do menino, que precisa. E sim, todos nós.

Sugiro assistir: pessoas que gostam de grandes dramas psicológicos e atuações memoráveis.


Para mim "Mad Max: Estrada da Fúria" tem absolutamente tudo que um ganhador do Oscar de Melhor Filme precisa. É a mistura perfeita de entretenimento com relevância social, de trabalho técnico com desenvolvimento dos personagens, de estrutura épica com pequenas sutilezas de uma direção autêntica.
É uma pena que tem pouquíssimas chances contra "O Regresso" e "Spotlight". Resta torcer que vença em Melhor Direção, até porque tirar o Oscar de George Miller seria uma absurda injustiça.
O primeiro filme indicado que conferi continua sendo o melhor dos melhores. Já o mencionei em OS 10 MELHORES FILMES DE 2015 antes de conferir os seus concorrentes ao Oscar, porém continua superior aos outros sete. E arrisco dizer que "Mad Max: Estrada da Fúria" é o único capaz de representar 2015 daqui 20 anos numa lista de melhores filmes de todos os tempos. Seria uma tragédia não vencer o prêmio de Melhor Filme, mas o Oscar como já notamos, erra em suas escolhas mais do que o aceitável. Mas a esperança é a última que morre, não é mesmo?

Sugiro assistir: quem gosta de sentar e assistir um bom filme.

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