TOP 10 MELHORES FILMES DE 2016
Mais um ano termina, outro começa. E com isso, nos trás a sensação de reflexão do que fizemos durante o ano todo e do que ainda queremos fazer no próximo. 2016 se tornou um ano para aqueles que resistem, daqueles que ainda estão dispostos a dar a cara para bater e daqueles que aprenderam a não ter medo da difícil arte que é viver.
Apesar dos complicados cenários políticos e pessoais a parte, o cinema, como sempre, chega ao espectador como forma de refúgio, de sabedoria, de criação e de crítica. 2016 nos trouxe um excelente leque de filmes de terror - gênero defasado por anos de roteiros fracos - filmes independentes com estrelas promissoras e filmes com temáticas diferentes para abrir a cabeça de uma sociedade ainda muito "careta".
Então, vamos conferir os 10 melhores filmes de 2016 que tive o prazer de assistir, considerando sua estreia no Brasil.
Obs: filmes como "A Chegada", "Doutor Estranho" e o novo do Star Wars ainda não consegui assistir, portanto, releve sua ausência.
Como suspense, "O Homem nas Trevas" jamais consegue errar. Possui uma narrativa envolvente e tensa que se sobrepõe, felizmente, aos clichês do gênero, e é parcialmente bem conduzida até o final. Possui um arquétipo interessante sobre "quem realmente é o vilão?" e uma edição precisa, que utiliza por exemplo cenas escuras para revigorar o poder do protagonista cego e consequentemente, do público. Metaforicamente, seu título original em inglês "Don't Breathe" é talvez a única saída para sobrevivência de certos personagens, assim como a reação natural para quem assiste.
"Aquarius" causou polêmica por ser acusado de apoiar a corrupção, principalmente depois do elenco e do diretor, Kleber Mendonça Filho, protestar no Festival de Cannes de 2016 contra o golpe de Michel Temer. Polêmicas a parte, o grande filme brasileiro do ano é uma crônica urbana simplista com sutis críticas sociais centrada em Clara (Sônia Braga) que não se encaixa em um mundo atual que não respeita o legado do passado. Sônia Braga entrega uma performance complexa, em um balanço entre mulher forte e resiliente com uma sensibilidade trazida pelas memórias de sua personagem, seja pelo espaço em si, seja por uma música ou um simples objeto.
Um exemplo perfeito sobre como pegar um clássico - criado por "Tubarão" de Steven Spielberg - e mesclar com elementos de nossa geração - já utilizado pelo diretor - em mostrar conversas da protagonista Nancy (Blake Lively), isolada em uma praia paradisíaca, com familiares via rede sociais, mostrando seu luto pela recente morte de sua mãe e seu objetivo em estar ali como uma forma de homenageá-la. No entanto, é atacada por um tubarão e seu terror começa, trazendo sua necessidade de sobrevivência assim como sua mãe durante anos lutando contra o câncer.
O filme que trouxe o suado Óscar de Melhor Ator à Leonardo DiCaprio e o segundo Óscar consecutivo ao diretor Alejandro G. Iñárritu, "O Regresso" apresenta estruturas épicas em seus cenários e produção técnica graças a ideia megalomaníaca do seu diretor. Contudo, o roteiro é simples: um homem tentando sobreviver a uma forte nevasca em busca de vingança. Mas o segredo aqui é a forma de execução, exemplificando a famosa cena do urso que ataca o protagonista, é apenas um dos primorosos exemplos de um filme que já nasceu como um clássico.
Pragmatismo versus erudição. Modernidade versus retorno à "vida simples". "Ser" versus "ter". O filme de Matt Ross intencionou expor o choque de realidades pertinentes ao mundo contemporâneo. No entanto, os assuntos mais espinhosos são entremeados por um humor que os suaviza e de uma emoção cativante onde tudo que importa é estar ao lado dos "seus", antes mesmo do que qualquer ideologia. Interessante destacar também, a peculiar família construída por um hippie marxista e seus filhos doutrinados, sem contato direto com o mundo "civilizado" (vamos escrever a-s-p-a-s) através de um roteiro que jamais fica ridículo mesmo sendo insano.
Antes de qualquer coisa, queria dizer: a trilha sonora deste filme ecoa em minha cabeça como se fosse recente e eu o assisti na época da temporada de premiações. Mas "Carol" não é somente um ótima reconstituição dos anos 50, duas atuações femininas poderosas e a temática LGBT. Não trata da homossexualidade como catalisador da trama, mesmo tendo a questão do preconceito personificado principalmente no ex-marido chantagista, Carol (Cate Blanchett rainha) nunca usa desse pretexto para desenvolver a relação com seu novo amor: Therese (Rooney Mara). E é nesse contexto que sobretudo é um filme sobre o amor, e não a dificuldade em vivê-lo.
A versão neozelandesa do Wes Anderson, só que engraçada. O filme nos presenteia com um humor inteligente e, em dados momentos, pouco convencional, que nos deixa aliviados e restaura a nossa fé em comédias modernas. Além da carga humorística, "A Incrível Aventura de Rick Baker" trata de assuntos mais profundos, dando aos seus protagonistas um sentido a vida e uma noção de família, afeto e companheirismo. Rick (Julian Dennison) de amargurado por ser órfão e largado por várias famílias, se torna cativante e esperançoso a medida que estabelece o que sempre desejou: um companheiro para suas aventuras.
Importantíssimo o espaço, ainda que seja modesto, que as premiações hollywoodianas estão deixando filmes independentes terem e portanto, presenteando o público mainstream com filmes fortes e bem realizados como "O Quarto de Jack". Thriller psicológico adaptado do livro homônimo, que retrata de forma única uma vida de privação e a pressão absurda de adaptação através do menino - nascido em um quarto de poucos metros quadrados - e sua mãe - que sabe que existe um mundo lá fora e que lhe foi tomado repentinamente. Além da recente liberdade, ter sua vida invadida pela mídia e centenas de curiosos, assim como o preconceito de seus próximos.
O sul-coreano "A Criada" sempre está um passo a frente de seu espectador. Em uma edição precisa, o filme nos engana diversas vezes e nos concede vários plot twist, fora e dentro do filme. Com requintados figurinos nipônicos e referências clássicas ocidentais, temos no centro três figuras misteriosas: uma herdeira rica, sua criada e um homem que deseja casar-se e se dar bem. A partir disso, como sou anti-spoiler, não há o que dizer mais. Além, claro, de seu irresistível poder erótico e de sua descontextualização do desejo mais secreto em todos nós.
Nunca imaginei que um dos meus filmes favoritos, não só do ano, seria sobre invasão zumbi. Mas ao misturar elementos do gênero de forma direta como o público alvo almeja, engana-se quem pensa que o filme possa ser definido apenas como tal. Um pai, não muito presente, decidi viajar de trem com sua filha até a casa de sua ex-mulher. No entanto, assim como os outros passageiros, não percebeu que o país foi aos poucos caindo com uma recente invasão de mortos-vivos. E quando apenas uma passageira está contaminada, o caos se propaga. Entre duas horas de duração, o longa sul-coreano possui excelentes cenas de ação, muito sangue e uma forte carga emocional, reconstituindo ligações perdidas e ensinando o poder de fazer o bem.
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